Como superei meu medo de avião

Por Jennifer Lemos

Vou contar minha história com aviões.

Não sei se um dia eu cheguei a gostar de andar de avião. Se isso aconteceu, não lembro. Acho que eu era indiferente. Gostava da praticidade e só. Viajava muitas vezes sozinha e sempre bem.  Até que em uma viagem para o Rio de Janeiro, em 2011, comecei a sentir certo incômodo. DO NADA. Não era medo, somente uma vontade de que chegasse logo ao destino. Não conseguia ler com atenção ou achar uma posição confortável. Estava viajando com a Lucy e lembro que ela me perguntou: “você não gosta de viajar de avião?” e eu, muito certeira, disse: NÃO! Mas isso soou estranho na hora. Até ali, eu nunca tinha me importado.

Em uma viagem seguinte, para Porto Alegre, turbulências aconteceram. Minha mão começou a suar e o coração acelerou.

Meses depois, em outra viagem a Porto Alegre comecei com sintomas de ansiedade antes mesmo da decolagem: taquicardia, respiração ofegante e suor nas mãos e pés. A viagem foi perfeita, mas mesmo assim cogitei voltar de ônibus (meu lado racional não deixou).

Em 2014 tive minha primeira viagem internacional depois de muitos anos (10, para ser bem precisa) e não relaxei. Foram 12 horas para Roma (na Itália) em que eu acordei diversas vezes durante a noite. Na volta, o voo estava bastante cheio e a viagem foi agitada. Muitas turbulências, aviso constante de apertar cintos e um cheiro de comida (que passageiros com restrições levaram) que me deixou enjoada. Definitivamente, eu percebi: não gostava de andar de avião.

Mas ia! Viagens a Porto Alegre (onde meu pai mora) e Chapecó (onde meus sogros moram) são as mais comuns. São rápidas e, apesar das turbulências, não geravam grande ansiedade.

Em 2015 foi que tudo mudou. Fomos passar férias em Cartagena, na Colômbia. Voo ótimo na ida, mas traumatizante na volta.  O dia estava lindo e sobrevoávamos a Amazônia. Repentinamente, houve uma queda brusca que durou 3 segundos. Imagine você, um um avião, sensação de estar em uma montanha russa por 1…2…3 segundos. A diferença é que não foi nada divertido. Líquidos e comidas voaram, passageiros gritaram e, após o susto, silêncio. Ninguém falava uma palavra. Mais alguns minutos e uma nova queda. Desta vez, mais rápida.

Mais silêncio (acredito que todos estavam rezando).

Algum tempo depois, o aviso de soltar o cinto de segurança foi acionado e, no avião, o silêncio permaneceu.

Muitas pessoas estavam com sintomas de crise de pânico e foram prontamente atendidas. Faltam 4 horas para chegarmos ao destino. Eu tremi durante todo o trajeto restante (uma das piores sensações da minha vida).

Quando pousamos em São Paulo, aplausos foram dados. O alívio era palpável. Até hoje eu aguardo uma manifestação do piloto que não falou palavra alguma sobre o que aconteceu.

Acha que eu estou exagerando? Tem um vídeo aqui  e mais uma reportagem aqui sobre a experiência .

O Voo São Paulo – Florianópolis foi tranquilo, mas eu estava muito tensa por tudo que tinha acontecido.

Quando pousei, agradeci. Cheguei em casa (ainda era manhã) e dormi. Acordei repentinamente com o grito dos passageiros na hora da queda. Nos dois dias seguintes, mais pesadelos à noite. Dois dias depois, domingo de carnaval, e eu não aguentava mais: fui buscar floral para amenizar meus sintomas.

Queria conhecer muitos lugares, mas nem pensava em viajar de avião novamente. Deixei passar.

Exatamente 5 meses depois desse evento, meu sogro adoeceu. O estado era grave e o meu marido, que já estava em Chapecó, me ligou para eu viajar para lá. Sem pensar muito, comprei uma passagem pela manhã para viajar, no mesmo dia, à noite. Naquele dia foi uma correria para avisar meus interagentes e organizar minha agenda. Horas depois, quando minha mãe me levava ao aeroporto, perguntou como eu estava em relação à viagem e eu respondi, com muita sinceridade, que não tinha tido tempo de pensar sobre isso. O foco era outro. E, no fim, tudo correu bem na ida (provavelmente, o melhor voo da minha vida).

Meu sogro passou pela cirurgia e ficou bem. Na volta, a viagem não foi tão agradável e toda a insegurança já apresentada em eventos anteriores, voltou. Desci do avião e prometi a mim mesma que iria me tratar, queria conhecer o mundo e não valia esse sofrimento. Já tinha viagem marcada para dezembro daquele ano (tinha 4 meses para cuidar de mim).

Fiz acupuntura para amenizar o medo, falei do trauma para muitas pessoas (até que se tornou algo normal) e vi muitos vídeos explicando os porquês aviões são seguros (sou muito racional e isso me ajudou).

Além disso, mantive tratamento constante com 3 florais de Bach: Star of Bethlehem (para diminuir impacto de traumas), Mimulus (traz coragem e segurança) e Rock Rose (para amenizar os sintomas de pânico). Impatiens (para ansiedade) era acrescentado algumas vezes.

Diariamente, por muito tempo, massageava meus pés antes de dormir para fortalecer o primeiro chakra e eu me sentir cada vez mais segura e confiante.

E, como não podia faltar, usei muitos óleos essenciais: tomilho (óleo da coragem), lavanda (óleo que fortalece em momentos necessários) e laranja amarga (traz leveza e nos ajuda a não levar tudo tão a sério. Relaxar e rir mais) estavam sempre comigo.

Para o dia da viagem eu fiz um rescue remedy (tomava 4 gotas de 10 em 10 minutos até relaxar) e um inalador individual com óleos essenciais de catnip, litsea cubeba e tomilho (para acalmar e pegar no sono).

A viagem de dezembro de 2015 (para Viena, na Áustria) foi maravilhosa! Sabem o que são 13 horas de uma viagem super tranquila? Me senti muito bem! A volta, igualmente.

Mas sabia que não estava 100%. Comecei terapia – com nova psicóloga – para tratar do meu medo e li muitos livros. Agora, posso dizer, estou muito melhor!

Já não uso florais de Bach ou óleos essenciais com esse intuito. Nas viagens, não tenho os sintomas de ansiedade que apresentava e consigo, com frequência, relaxar e curtir a paisagem. Não preciso mais levar floral ou produtos de aromaterapia. Turbulências continuam acontecendo e sempre irão acontecer. Eu respiro fundo e me distraio – distração é ótima aliada para essas situações – converso com alguém ao lado, tenho uma lista de coisas importantes a serem feitas, sempre levo um livro viciante em toda viagem: gosto muito dos suspenses do Harlan Coben, os romances da Emily Giffin, as comédias da Marian Keys e tantos outros. Sempre começo a ler antes da viagem para já estar “viciada” quando embarcar. Outros livros que amei foram: A garota do trem, Como eu era antes de você, Guardião de memórias, A resposta (um dos livros que mais amo!), Belle, Vacas – nem toda mulher quer ser princesa,  Caçador de pipas e O perfume da folha de chá.

Estou bem. Sempre com uma viagem programada… eu amo! Mas ainda não consigo dormir em aviões. No final do ano fomos a Amsterdã em um voo longo e noturno eu só dormi 1 hora. Chego bastante cansada. O próximo passo será esse!

Não deixe que o medo te impeça de fazer algo (principalmente quando esse algo for a realização de um sonho). Busque ajuda, se necessário! É só um incômodo? Respire fundo, pense em coisas positivas (eu sempre imagino uma viagem maravilhosa) e se distraia (nada de prestar atenção em tudo que está acontecendo ao seu redor).

Se você nunca viajou de avião, vá com o pensamento que será uma das melhores experiências da sua vida, pois tem grandes chances disso acontecer!

Com carinho (e mais coragem)

Renata Hermes

 

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Renata Hermes
Naturologa
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Perdoar é saudável

O perdão é uma atitude moral na qual uma pessoa abdica do direito ao ressentimento, julgamentos, afetos e comportamentos negativos. Você pode pedir perdão a quem magoou e/ou prejudicou; perdoar a si mesma(o) por todas as vezes nas quais se criticou, autodepreciou ou se machucou; ou perdoar alguém.

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